segunda-feira, 3 de julho de 2017

Vovô Octávio

Vovô Octávio Meu avô materno foi marcante. De fato, era o patriarca. Sua opinião, sua concordância tácita ou explícita, tudo o que manifestava tinha peso razoável. Seu nome? Octávio. E por ser tão importante para a família, seu nome se multiplicou nos descendentes: Octávio Fº, Ary Octávio, João Octávio, Luiz Octávio e Octávio, o bisneto. Festas tradicionais tinham endereço certo: casa do vô Octávio. À mesa não faltariam o vinho tinto para os adultos e a sangria para a meninada. Interessante que nenhum dos miúdos exagerava na sangria... Tampouco considero que essa delícia tenha estimulado o alcoolismo. Vô Octávio não era de muitos discursos, mas, como ótimo observador, deixou algumas falas memoráveis. Seria muito gostoso se cada membro da família enorme se preocupasse em transformá-las numa coletânea... Isso já não é para mim... Pena. Mas guardo bem no fundo do meu core, uma frase por ele repetida sempre que nos cruzávamos: _ Ah, como gosto desta sua testa limpinha! _ exclamava ele, enquanto alisava-me a fronte bem à mostra, os cabelos presos num farto rabo-de-cavalo ou num coque-banana. Jamais percebi tal gesto de vovô com outras netas. Somente estas para contar, porém é tarde, muitas já partiram. Hoje, como adulta, interpreto o gesto de vovô como comparação da minha testa com a de vovó que, ao contrário de mim, usava um penteado encobrindo parte da fronte com “pastinhas”, espécie de semicaracóis caprichosamente fixados com grampos escondidos. Não sei que nomes teriam agora as “pastinhas” de vovó. Concluo que vovô não aprovava o penteado de vovó, porém respeitava o gosto dela. Amavam-se demais aqueles dois, tanto que faleceram num intervalo de poucos dias. Vejo-os ainda sentados lado a lado, de mãos dadas, nos finais de tarde, no vasto alpendre da casa, hoje uma instituição católica, ao lado da capela de Santa Edwiges. minesprado@gmail.com Blogspot: “Rabiscos de Inês”:minesprado.blogspot.com.br 3-7-17

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