domingo, 25 de junho de 2017
Dança das Velas
III Dança das velas
Salão do Recreativo repleto. Ritmos variados sustentavam a animação. Todo mundo bem trajado, nada de jeans, tênis, calças agarradas... A elegância predominava.
Depois da valsa da meia-noite, um intervalo. Então velas numeradas eram oferecidas aos cavalheiros. O preço era simbólico: um cruzado ou real, não lembro.
Acabada a venda das velas, a orquestra retornava ao palco. Aos primeiros acordes de mais uma seleção, cavalheiros com vela na mão escolhiam suas damas. Às vezes, uns já haviam dado sinal àquelas com quem pretendiam dançar.
Alguma confusão acontecia nessa hora. Pessoalmente, diverti-me numa ocasião em que me apareceram duas velas... Só que eu já sabia que seria tirada por um dos cavalheiros. Pouco antes havíamos trocado olhares... Então declinei da outra vela, disse ao cidadão que dançasse com uma senhora amiga, idade bem avançada... Recebi um “não” do rejeitado, que saiu bufando e se mandou para longe. Se ficou segurando a vela, jogou-a longe ou tirou outra dama jamais soube.
A orquestra iniciava pra valer a seleção. As velas numeradas eram acesas e seguras pelos pares que rodopiavam pelo salão lindo, mágico. De repente a música era interrompida e alguém ditava um número. O par com o número ditado deveria sair da pista, mas sempre havia os ouvidos de mercador... Se a dança estava boa, apagava-se a vela, buscava-se um canto do salão fora das vistas de quem fiscalizava a brincadeira, ou melhor, havia os desobedientes... Até que alguém lhes batia nas costas para, decididamente, pararem a dança. Meio a contragosto a gente pedia desculpas e obedecia. Regras são regras, fazer o quê?
A brincadeira romântica só acabava quando havia um único par dançante, a quem cabia uma prenda. Essa delícia precisa ser resgatada, não?
Miap
25/6/ 17
sexta-feira, 23 de junho de 2017
Dança das Vassouras
Dança das Vassouras
A orquestra inicia o arrasta-pé. Pares animados, alguns enamorados, saem dançando. Seleções deliciosas como jamais se apreciaria anos depois. Ritmos variados e, o melhor, bem dançados. Nada de dois pra lá, dois pra cá, como se observa hoje.
Chega a hora da dança especial, aquela que rende um dinheirinho a mais no cofre do Country Club, em Poços de Caldas. Aliás, o que foi feito dos bailes de lá? Simplesmente sobrevivem no balaio das recordações.
Um sambão invade o ambiente. Logo a pista fica lotada de pés de valsa e de vassouras... E como vassoura não dança sozinha, cavalheiros desacompanhados dançam com elas. Só que sob certas condições: dançar um segundinho com a dama “esfiapada” e passá-la adiante, roubando a dama de um bailarino qualquer. Caso não o faça logo e a música seja interrompida, o cidadão lerdo é multado... Como ninguém quer pôr a mão no bolso, vassouras voam pelo salão. Os homens com vassoura não miram a dama bonita, boa dançarina ou a paquera, querem é se livrar da vassoura, para não sofrerem penalidade. Ao fim da seleção, os que sobram com a vassoura na mão ainda têm que dançar o frevo...
Ah, tempos divertidos esses... Bem que brincadeiras tão singulares poderiam ser resgatadas. O mundo deveria proibir a mesmice.
Miap 23 de junho de 17
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