quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Ioiô gigante e este natal

Ioiô gigante e este Natal No século passado, o ioiô era diversão para crianças e adultos. Fazíamos misérias com aquela geringonça composta de duas extremidades redondas e duplas, ligadas por tênue barbante. Disputas eram comuns, sobretudo entre os moleques. Enrolava-se o barbante numa das extremidades e depois se impulsionava a outra para longe. Esta tinha que voltar a nossas mãos. Esse vaivém exigia destreza, mas era prazeroso. Entretanto, o vaivém das atitudes governamentais e políticas, longe de nos divertir, exaure a paciência de qualquer cristão e gera insegurança ilimitada. Hoje temos um ioiô gigantesco chamado Brasil, brinquedo nas mãos de políticos indecentes, corruptos, cuja diversão é roubar o país, afundando-o numa crise sem precedentes. As trapalhadas e maracutaias de todo naipe são deboche diário a desfilar ante nossos olhos. Impotentes num barco à deriva, incertos do amanhã, uma parcela dos cidadãos brinca de faz de conta, prepara-se para o natal com pompa, como se os problemas fossem dos vizinhos, nada mais. A gastança irrefletida persiste, ainda que sob protestos insignificantes. Ouvi ontem, em noticiário qualquer, que o tender, quebra-galho de quem não pode arrotar peru, está a R$ 50,00 o quilo! Ora, em meia hora, meia dúzia de pessoas dá cabo dessa iguaria modesta. Acrescente-se a ela uma farofa, arroz, salada mista, vinho rasteiro, sorvete, tudo menu de quem está com o bolso quase furado, e a conta duplicará. Estou fora de quaisquer preparativos que não incluam buscar paz, amor, saúde. O que vier por acaso será bem-vindo. Visita a alguma igreja (nestes dias estive na de São Benedito, a única que me pareceu acessível e onde encontrei acolhimento ímpar; ali pedi orações pelos migrantes, preocupação maior da beata Assunta Marchetti); reflexão ante meu presepinho acomodado num vaso de vidro “made in” Vila Velha; abraço fraterno dos amigos, calor humano virtual (?) dos filhos ausentes por motivos de foro íntimo, mensagens via rede social, alguns gestos de carinho e pronto: esse será meu natal, longe do ioiô gigante que, inutilmente, insiste em solapar quem não é alienado. Feliz Natal, caros leitores! minesprado@gmail.com Dez/16 Extra News 21 dez/16