quarta-feira, 11 de maio de 2016
Obrigadão (Extra News - 11/5/16)
Obrigadão
Uma postagem no FB diz que abril é o mês da gratidão. Ora, que eu saiba, devemos dar graças pelas benesses da vida, a todo instante, dia e noite. Será que isso já era e eu estou desatualizada?
Pois aqui e agora tenho muito a agradecer a gentileza redobrada da bela loira que, recentemente, foi-me de grande auxílio no supermercado. Aliás, reconheci nela a professorinha de ginástica de anos atrás. Mas, com mil coisas na cabeça, não cheguei a indagar se ela se lembrava de mim e de nossas aulas.
Num sábado, calorão de matar, fui ao Dia, à procura de leite em pó desnatado. Achei três latas. Peguei mais algumas coisas e logo estava na fila preferencial. Ah, na rápida andança, pedi a alguém o favor de pegar uma garrafa térmica no alto de uma prateleira. Eu até alcançaria, porém o risco de derrubá-la era grande, já que meus dedos pouco colaboram quando preciso segurar objetos maiores. Fiquei feliz por ter a humildade de pedir ajuda e, por sorte, para a pessoa certa – um cavalheiro.
Logo fui para a fila preferencial. Na hora de ser atendida, esqueci os resmungos da minha coluna, a cada vez que eu mergulhava no carrinho para tirar as coisas e pô-las na esteira rolante. Então, notei a mesma moça loira (leia-se “senhora”) junto a mim no caixa. Para minha surpresa, ela passou a auxiliar-me naquela ginástica fora de hora. Num instante, minhas compras estavam registradas, pagas e amontoadas para serem embaladas. Esse supermercado não tem empacotador, um dos motivos de eu só pisar lá, quando não tenho alternativa. Por isso, a etapa seguinte: abrir sacolinhas plásticas e enfiar as compras nelas. Mais um sacrifício: briga dos meus dedos com as sacolinhas. Se estou apressada ou há alguém atrás de mim esperando que eu desocupe o espaço, esqueço a etiqueta, lambo o dedo, sem me importar com os olhares pasmos. Afinal, o cuspe e os dedos (sujos sabe Deus de quê) são meus. Pois, novamente, a moça loira estava ali, estendendo-me sacolinhas abertas. Ou seja, ela, muito ágil, já estava com as compras dela arrumadas, poderia ter ido embora, mas não. Preocupara-se comigo e ficara para me auxiliar. Quase não acreditei. Disse-lhe obrigada várias vezes.
Cheguei à minha casa com o core satisfeito, mas me sentindo meio culpada. Por quê? No caixa, fizera mau juízo da moça, ao pensar que ela me ajudava, por estar impaciente com minha lerdeza para esvaziar o carrinho. Nada disso. Realmente ela havia sido solidária, sensibilizara-se com minhas limitações. Que coisa linda! Sim, linda, porque ajuda espontânea é raridade. O mundo anda tão acelerado e conectado que só se ouve falar da falta de tempo... Vai longe a época em que a rotina de qualquer mortal incluía dedicar um pouco de atenção ao outro, ainda que com pequenas gentilezas, como chamar o vizinho e passar-lhe, pelo muro, um pastel saído da frigideira, atravessar a rua e ajudar uma senhorinha com os pacotes, abrir a porta para deixar a dama passar. É, tudo passa...
Por isso, eu, embora muitas vezes criticada por dizer “obrigada” pra cá e pra lá, deixo aqui um obrigadão pelas tantas gentilezas recebidas ao longo deste meu caminhar. E torço para que minha ex-professora de ginástica leia estes rabiscos, pois ela enfeitou aquele meu sábado.
minesprado@gmail.com
“Rabiscos de Minês”:minesprado.blogspot.com.br
Maio/16
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