quarta-feira, 11 de maio de 2016

Interrogação (Extra News - abril/16

Excepcionalmente, trato de assunto política e economia, mas já aviso: a contragosto. O Brasil atravessa fase preocupante. Os problemas se arrastam. Notícias desencontradas e polêmicas geram insegurança em todas as camadas sociais. Óbvio que os menos favorecidos deveriam ser o alvo de nossa atenção, não apenas diante da crise cuja solução ninguém imagina, mas, sobretudo, nas eleições. Nosso voto tinha que sopesar o bem maior, o da população carente. Infelizmente, pequena porcentagem do eleitorado tem esse desprendimento; a maioria vota de acordo com os próprios interesses. O empresariado tenta eleger candidatos que favoreçam a classe; o professorado, idem; o pobre, naqueles que lhe prometem mundos e fundos, se forem eleitos, quando não o “pagam” previamente. O voto-cabresto é prática comum. O empregado vota segundo a “ordem” do patrão. Caro leitor, se você trabalhou em seção eleitoral sabe do que estou falando. O espaço de que disponho aqui é pouco, para mencionar os absurdos observados nas mesas receptoras durante as eleições. Só vendo para crer. O resultado é previsível: representantes tiram vantagens de todo lado, ao invés de corresponderem aos anseios do povo. E a corrupção corre solta. Um porém: corrupção não é privilégio do Brasil; é mal que assola a maioria dos países. A diferença reside na punição desse crime abominável, prejuízo para toda a sociedade. Afinal, o dinheiro público sai dos nossos bolsos. Se há desvio de finalidade, quem perde? O povo. A meu ver, além da necessidade urgente de reforma da legislação brasileira, em vários campos, a educação é a base para mudar o país que chafurda na lama. Nossa mentalidade precisa mudar. A vida está cara? Está. Mas ninguém deixa de pintar o cabelo, fazer as unhas, queimar combustível nas estradas, curtir praia no feriadão. Imaginem uma quitanda e uma sorveteria, num dia de calor insuportável. Onde haverá mais consumidores? Sem medo de errar, respondo: fila na sorveteria. Ora, o preço de uma bola de sorvete – média de R$ 5,00 – daria para comprar um montão de bananas ou laranjas, certo? Para a saúde, o que é mais adequado: sorvete ou fruta? Portanto, a questão é esta: desde os primeiros passinhos do indivíduo, a educação precisa ser revista. Valores distorcidos levam à falsa cidadania. Ouço muito que fulano e beltrano querem mudar de país. Pois garanto que vão num voo e voltam no outro, se forem amantes de frutas , legumes e verduras deste solo gentil. Em qualquer esquina, temos o essencial para uma alimentação balanceada, desde que valorizemos o que nos faz bem. Porcariadas são supérfluos de fim de semana (antigamente, eram banquete de aniversário). Nossa fartura inexiste lá fora. Nos hotéis, bananas, se houver, são controladas. Vi isso, ao vivo e em cores, num hotel inglês: às escondidas, a garçonete ofereceu-me duas bananas. Esclareço que não lhe dei gorjeta nem antes nem depois. A corrupção, palavra da vez, começa dentro de casa.Somos todos corruptos. Os pais corrompem o filho, quando lhe dão trocadinhos porque limpou o cocô do cachorro. O mesmo, quando o presenteiam com carro, moto, bicicleta, porque entrou na faculdade, passou de ano. Ora, estudo é obrigação. “Presentear” por quê? Em eventos sociais, o conviva passa uns trocados para o garçom ser mais pródigo no serviço; nos bailes, as senhorinhas passam trocados aos free dancers contratados pelo clube, a fim de garantirem danças a mais; penetras também são corruptos, ou não? Enfim, leitor, é fácil extrair, do cotidiano, exemplos de corrupção. Bastam óculos honestos. Assim, é justo chamar de corrupção apenas o crime que acontece nos altos escalões? Estamos com um baita ponto de interrogação quanto aos rumos do amado Brasil. Façamos nossa parte. A faxina tem de começar já. Dentro da nossa casa. mineprado@gmail.com Abril/16

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