quinta-feira, 10 de setembro de 2015

38ª Semana Guiomar Novaes - Flores para Olga Kiun

Depois de muita expectativa, a Semana Guiomar Novaes (1º a 7 de setembro) nos brindou com dois espetáculos que superaram os demais, embora todos de boa qualidade. Na abertura, a Companhia de Ópera Curta nos deliciou com O Barbeiro de Sevilha. Além da execução instrumental de indiscutível qualidade, interpretação e vozes fantásticas nos tocaram sob todas as formas, incluídos aí o riso fácil e as gargalhadas. Desopilei o fígado no teatro, o que me fez dormir gostoso naquela noite. Mas credito à pianista Olga Kiun o destaque maior. Ela, notável, extasiou-nos com sua exímia interpretação, aliada a extremo carisma, dádiva de poucos. Como a artista bem enfatizou, sendo russa apresentaria compositores conterrâneos, os modernistas – Rachmaninoff e Prokofiev. As peças, que incluíram boa parcela de Romeu e Julieta e também as estações do ano na Rússia, foram didaticamente explicadas pela pianista, decepcionada com a falta do programa. Assim, vivenciamos cada nota trabalhada por mãos de agilidade e leveza impressionantes, cuja familiaridade com o piano é cultivada desde os seis anos de Olga. Todo artista talentoso deve ser prestigiado. Olga merecia plateia concorrida. Não foi o que aconteceu. As frisas do teatro ficaram solitárias. Perder a oportunidade de música refinada é perder joia rara. Nossa cultura permanece capenga nos valores. Após duas horas de puro deleite, aplausos reiterados. Tanto que Olga voltou ao palco para um brinde a mais. Mas faltou o arremate para que ela se fosse, levando não só nossas palmas, mas flores. Ela merecia esse carinho, assim como merecia o teatro lotado. Tudo isso me incomodou de tal maneira que contive meu ímpeto de lhe dirigir um agradecimento sincero, pela noite belíssima que nos proporcionou. Sem exagero, talvez até lhe beijasse as mãos divinais. Estou ainda com esta indagação: será que projetei em Olga o que esperaria que acontecesse comigo, fosse eu uma Olga? Não sei. Mas que ela deveria sair do palco com um belo ramalhete nos braços e um cavalheiro a conduzi-la, disso tenho certeza. Além de ser de bom-tom por parte dos organizadores da Semana, seria gesto marcante no core da artista. Olga, com sua magia, combina com flores. Aquele palco teve o privilégio de ser pisado por ela, porém, nós, ouvintes privilegiados, ficamos com a vergonha da omissão de cortesia inerente a qualquer recital – flores para a pianista! E pensar que há quem as receba, a torto e a direito, sem jamais ter regado uma...
M. Inês de Araújo Prado minesprado@gmail.com Set/15 Extranews de 9/9/15

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Com muito orgulho

Com muito orgulho Dia destes, em passeio pelo Facebook, observei que há inúmeras Maria Inês Prado, que não é meu nome completo. Nome curtinho é uma delícia, não é, caro leitor? Sobretudo se vivemos pondo nossa assinatura aqui e ali. Em compensação, pouca gente acumula tantos apelidos, ao longo da vida, como acontece comigo: Manê, Manês, Manezita, Maneca, Manequinha e o mais recente – Minês - que decorre da minha condição de internauta. Isso, sem mencionar os pejorativos, como Baiaca, Polaca, “presentes” de um tio já falecido. Quem mandou ter sido menina gorda? Nomes e epítetos rendem um compêndio. Eles tanto podem causar prazer como dor. Também coloco aí os sobrenomes, pois alguns são como uma carga no lombo, motivo de chacota, vergonha; outros, ensejam equívocos, porque comuns demais: Silva, Sousa, Santos. Como professora e advogada tive e tenho contato com constrangimentos causados por certos nomes. O bullying, expressão mais ou menos corriqueira hoje, sempre acontece quando se tem um nome ou sobrenome diferentes e, sobretudo, se dão margem a trocadilhos. “Pinto” é problemático. Aqueles que têm o hábito de conferir obituários colecionam lista de nomes esquisitos e/ou engraçados, objetos de muita gozação. Por essas e outras, é bom que os pais pensem muito bem, quando da escolha de um nome para a criança que virá ao mundo. Como, hoje, saber o sexo do bebê que se carrega na barriga é a regra, há tempo para a decisão que pode, no futuro, fazer alguém mais feliz ou deixá-lo infeliz pro resto da vida. Afinal um nome bonito só traz satisfação. Claro que qualquer um, quando adulto, pode requerer, com justificativa, a alteração do nome ou sobrenome, desde que encare a trabalheira que envolve um processo judicial. A existência de homônimos é, também, uma pedra no sapato. Certa vez advoguei para um cidadão que estava profundamente irritado com um homônimo que lhe causava confusão em tudo, até para retirar novo CPF. Tentei, justifiquei, mas nada consegui. O juiz entendeu que não havia provas suficientes de que o nome do meu cliente era motivo de prejuízo. A decepção foi grande, porém, entendi a decisão do magistrado, já que o interessado não oferecera provas cabais – documentos, testemunhas - para elucidação do caso. De volta ao meu próprio umbigo... Descobrir que tenho homônimas nas redes sociais me dá certa preocupação. Assim, antes de algum dissabor, abro alas para Maria Inês de Araújo Prado, com muito orgulho! Aliás, nome honrado é meio caminho andado, certo? “Rabiscos de Minês”:minesprado.blogspot.com.br minesprado@gmail.com Ago/15 Extranews de 2/9/15