quarta-feira, 3 de junho de 2015
Duros na Queda
Duros na queda
Estive “dengosa” e juro: foi como se todas as doenças do mundo me atacassem com unhas e dentes, sem piedade. A cada um, dois dias, sintomas diferentes: enjoo, intestino atrapalhado, dor nas pernas, na coluna e cabeça, nos ouvidos, cansaço extremo. Minhas costas reclamavam, como se eu tivesse lavado mil “trens”. E mais febrão (este só por uma semana). Em resumo, a coisa é complicada, a gente sofre um bombardeio.
Li que a vacina da dengue estará no mercado em 2016. Tomara, pois é moléstia que nos põe sob sérios riscos e pode se repetir; ninguém fica imune, após a primeira dengue. Por ora, o tratamento se resume a hidratação e repouso.
Ah, a alteração do paladar é medonha: a boca fica pegajosa, água, arroz, feijão, tudo tem o mesmo sabor, sendo que, para mim, café e verdura ficaram intoleráveis. Quem me conhece sabe que amo o “ouro verde”, o cheirinho dele é um imã, sinto-o longe. E sabe, também, que não passo sem meus “matinhos” – alface, rúcula, agrião, almeirão.
Pra completar, o mais preocupante: a dengue mexe até com os miolos, pois a cabeça fica cansada, as ideias fogem, um inferno para o escriba. Passei apertada. Não sei se o leitor percebeu isso nos meus últimos rabiscos para o Extranews.
É bom saber que a recuperação é lenta, não se fica ok. de uma hora pra outra. Os gambitos vão se firmando lerdamente, o sabor volta a passo de tartaruga, o cansaço dá trégua, mas, vez ou outra, diz “presente”. Só que cada um reage a esses desafios de um jeito. Passei quinze dias meio de molho, mas não deixei meus afazeres de lado, ao contrário, fiz suco de inhame, sopa (coisa que desce fácil), lavei roupas, fui a laboratórios e consultas já agendadas há séculos. Enfim, sou dura na queda e decidi que não iria tombar à custa de um mosquitinho arteiro.
Costumo tomar a vacina da gripe todo ano, na CAASP. Aí fiquei na dúvida – tomo não tomo. Indaguei daqui e de lá, e dei meu braço para picar, estendida numa cadeira de dentista! Só quando senti a picada me dei conta do mico. Eu entrara no local da vacinação – um consultório odontológico – e, simplesmente, achei que ia tratar dos dentes. Maluquice! Sem graça, me desculpei com a enfermeira, expliquei que estava distraída por culpa da dengue. Muito gentil, ela indagou se eu havia tomado soro etc. e tal. Eu, hein?? Me tratei na minha casa. Enfiar-me em ambulatórios de emergência não é comigo. Só de pensar naquela sala cheia, todo mundo doente e, pior, falando de doença, aí morro antes da hora.
Bem, achei que o mosquito sem-vergonha e que faz tantos estragos merecia umas linhas. Onde e “onde” ele me picou nunca saberei. Uma mulher, encafifada com uns sintomas do marido, fez-me a pergunta:
“Onde a senhora pegou dengue?”
“Minha filha, ninguém pode lhe dar essa reposta, só o mosquito.” – retruquei, rindo.
Semana passada decidi mandar pra longe a tal da dengue. Fui dançar. No começo, as pernas estavam lerdas, mas, após um aquecimento, mandei ver, como se diz por aí. Dancei a noite toda e amanheci ótima, pronta pra dengos de verdade, nada mais.
Não pretendo ensinar ao leitor dengoso o tratamento que funcionou pra mim. Mas uma coisa é certa: só fazem conosco o que permitimos que façam. O mosquito de nome pomposo – aedes aegypti - quer, sim, nos derrotar, mas temos que ser “duros na queda” e, sobretudo (isso é sério!), cuidar muito bem da saúde, da alimentação, das doenças pré-existentes e, claro, da própria casa. Como o leitor deve saber, a pessoa que já está carunchada com outros males, como diabetes, hipertensão etc., corre mais risco de morte do que aquela que se mantém saudável, no cotidiano. Por isso, fique alerta!
“Rabiscos de Minês”: minesprado.blogspot.com.br
minesprado@gmail.com
Publicação no EXTRANEWS - 3/6/15
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário