quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Eu sou brasileira

Eu sou brasileira Quando determinado assunto invade a mídia, tal qual epidemia sem controle, você tem duas opções: deixar-se contaminar ou fazer greve de leitura de jornais e de noticiários televisivos. Os escribas demonstram submissão, como se fosse obrigatório abordar e discutir , para não ficar à margem do que está no topo da mídia: agora é a hora e a vez de “Je suis Charlie” . Por mim, digo apenas “Eu sou brasileira”, respeito a liberdade de expressão,conquista da qual nenhuma democracia pode abrir mão, o que não deve ser confundido com aplausos irrestritos a abordagens ofensivas, que acirram ânimos e provocam respostas funestas. Sabe-se que a característica da charge é a ironia, a crítica de personalidades eminentes, porém o preço de extrapolar o bom senso pode ser alto, como aconteceu, agora, na França: profissionais assassinados friamente, por aqueles que se autodenominam vingadores dos ofendidos. E como violência puxa violência, o mundo assiste a uma série de fatos lastimáveis e irracionais, atrelados ao primeiro, disseminando o horror mundo afora. Papa Francisco aí está, pregando a parcimônia, a paz, a vivência racional e equilibrada. Ao mesmo tempo, num ato de humildade, deixa claro que ele, como nós, é humano e tem reações próprias da nossa condição imperfeita: se ofendessem a mãe dele, sua reação seria um bom soco no ofensor. Ele, que não é hipócrita, pois pratica o que prega, não traz à baila a passagem de “darmos a outra face”. Por que o mundo vira as costas para os rogos de Francisco e se deixa levar pela brutalidade e ignorância? É sabido que publicações têm o objetivo de tiragens homéricas, mas a que preço? Se Charlie Hebdo já vendia bastante, venderá mais ainda agora, pois, à consternação de suas perdas junta-se a determinação de injuriar, ridicularizar, provocar, como se onipotente fosse. O povo solidário se ajoelha ante a tragédia sofrida pelo jornal francês, sem se dar conta de que provocações a grupos extremistas, não dispostos a reflexões embasadas na regra “do vale tudo” na liberdade de expressão, têm consequências funestas e ilimitadas. Estranho que o Brasil tenha tanta legislação com foco na homofobia, homossexualidade, racismo e outras, se boa parcela dos críticos de plantão dispensa a sensatez na liberdade de expressão. E quem não a aceita deve estar preparado e ser responsável pelas consequências. “Eu sou brasileira” e a favor da premissa: o respeito é peremptório em qualquer situação, sobretudo na discordância. M. Inês Prado Jan/15 “Rabiscos de Minês”:minesprado.blogspot.com.br minesprado@gmail.com

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