sábado, 15 de novembro de 2014

O 15 de Novembro e a viola caipira

O 15 de Novembro e a viola caipira Faz tempo, ando sem vontade de escrever a respeito de datas cívicas. Motivos há, mas é bobagem gastar o verbo com eles. Preocupa-me, sim, o que cada um de nós pode fazer, para ajudar este Brasil e tornar o povo, por natureza de bem com a vida, mais satisfeito com a realidade que o cerca. Ontem, 11 de novembro, o Theatro Municipal esteve lotado, graças à maravilhosa apresentação da Orquestra Paulistana de Viola Caipira., fundada em 1997 pelo maestro Rui Torneze, sob o apoio didático do Instituto São Gonçalo de Estudos Caipiras. A orquestra trouxe metade dos seus mais de sessenta integrantes, devido ao palco do nosso teatro não comportar o grupo todo. O repertório riquíssimo passeia gostosamente pela música caipira de raiz e vai muito além – música erudita, world music, new age e MPB. O programa eclético foi aberto com o Hino Nacional, verdadeiro cartão de visita, seguido da Ave Maria, Chora Viola, Viola Quebrada (Mário de Andrade), Ária da 4ª Corda, de Bach, Reciclagem, Fogão de Lenha, Tocando em Frente, Pé de Ipê, El Condor, Meu Primeiro Amor, Trenzinho Caipira (Villa Lobos/Ferreira Gullar), Ponteio (Edu Lobo), Brasileirinho, além de um arranjo mesclando música caipira e música portuguesa. A declamação de Ode à Viola (Rolando Boldrin) antecedeu o bis. O que tem a ver a Proclamação da República com esse evento que enriquece as comemorações da “Pérola Centenária”, epíteto que dei ao nosso teatro? Muito. Em plena terça-feira, ali estava uma plateia participativa e atenta, feliz pela oportunidade de conjugar cultura e lazer, esquecida dos problemas do cotidiano, dos preços que não cessam de subir, da seca que castiga parte do país, do descaso com os serviços essenciais, das novelas políticas, como corrupção em várias instituições, sendo a Petrobrás a top. Talvez, Ponteio (1971) suscitasse algumas reflexões ... Estou certa de que, se naqueles momentos mágicos, o público, embevecido, fosse perguntado se quer a volta da ditadura militar, o confronto de irmãos nas ruas, manifestações na base do vandalismo etc., ninguém diria “sim”. Somos uma república federativa de peso. As chances de o Brasil ocupar posição de destaque, sem maquilagem, no panorama mundial não é utopia. Podemos, sim, ser referência, em todos os aspectos. Basta a conscientização de que o bem comum é soberano. Interesses escusos devem ser repelidos, através das urnas, cuja apuração tem que ser respeitada. Acirrar ânimos é sinal de desamor e inconsequência. É querer ver o circo pegar fogo e rir da desgraça alheia. Como geração que virou o século, afirmo que blackouts, racionamento, insegurança, medo do outro (segundo J.Simmel, “somos todos irmãos”) etc. não é cardápio que se sirva em recôndito nenhum deste mundo. Será que manchetes diárias a nos oferecer amostras das desgraças que campeiam por tantos povos em guerra permanente, inclusive civil, não bastam? Será preciso degustá-las, saborear dor e sangue? Consola-me não estar sozinha, mas em concordância com vários articulistas e cientistas políticos conceituados. Dia destes assisti a um vídeo na internet, em que um sujeito explica, com muita didática, nossa história política, desde Dom Pedro I, mencionando a influência da maçonaria. Estudar a história, para entender o presente, é importante. Porém, na prática, qual o benefício de apontar o dedo, sem sair do lugar? O Brasil precisa de gente positiva e determinada que assuma os remos, até que a nação alcance o porto seguro. Dali, altaneira, singrará pelos mares, não para subjugar povos, mas para estabelecer laços fraternos de todo naipe, com fulcro na respeitabilidade. minesprado@gmail.com “Rabiscos de Minês”:minesprado.blogspot.com.br Nov./14

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