sábado, 13 de setembro de 2014
Presidente ou presidenta?
Presidente ou presidenta?
Esse assunto já se esgotou, porém Ferreira Gullar, em ‘Quem manda sou eu’ (Folha, E10, de 7/9/14), mostra-se fulo da vida com a imposição da presidente Dilma, que quer ser chamada de “presidenta” e que, em 3 de abril de 2012, assinou a Lei n º 12.605/12, obrigando o país inteiro a ‘submeter-se a uma tolice’. De acordo com a referida lei, “As instituições de ensino público e privado expedirão diplomas e certificados com a flexão de gênero correspondente ao sexo da pessoa diplomada.”
Em face da presidenta mandona, Gullar descarrega seu fel, concluindo que teremos ‘gerenta’, ‘assistenta’ etc. Ora, não é bem assim.
Concordo que a expressão “presidenta” é horrorosa. Tenho um amigo, colaborador deste Extra que, vez ou outra, chama-me de “presidenta”. A brincadeira e também nossa boa amizade decorrem de eu ter sido presidente da seção eleitoral em que ele era mesário. Acredito que nada tem a ver com ser mandona ou algo assim. Entretanto, sei que sou exigente, porque levo a sério o que é sério. Afinal, ter que aturar molecas iniciantes, que mal sabiam localizar eleitores na lista de presença, mas sabiam muito bem fazer graças, tirando os sapatos em plena votação, era demais pra mim. Ser “presidenta” de brincadeira vá lá, aceito e me divirto.
Eu, como a maioria dos brasileiros, não consigo usar o termo numa boa. E Gullar idem. Porém, isso não nos autoriza a induzir o leitor a erro: segundo a Academia Brasileira de Letras, os vocábulos “presidente” e “presidenta”, aplicados ao gênero feminino, são equivalentes. Dicionários confiáveis, como o Houaiss – tenho vários, um deles de 1980 - ratificam tal ensinamento. Esdrúxula ou não, “presidenta” é palavra inserida no vocabulário da norma culta.
Cansei de responder a e-mails sobre “presidenta”, lebre que se levantou e não se cansa jamais. Ou melhor, só cairá no limbo, quando tivermos mudança na presidência. Mas, realmente, cansa minha beleza, a insistência de certas pessoas sarristas que, num péssimo exemplo aos mais novos, emitem e/ou transmitem matérias desrespeitosas em relação a autoridades constituídas, não importa se estas são nota dez ou zero.
Gosto não se discute. Quem sentir os ouvidos ofendidos tampe-os. E, claro, opte por chamar de “presidente” qualquer mulher que exerça função de presidência. Fácil.
Hoje, 8 de setembro de 2014, publiquei carta no Painel do Leitor da Folha, com um elogio ao Ferreira Gullar, acompanhado de puxão de orelhas. O artífice da palavra tem a obrigação de partilhar conhecimentos até mesmo na discordância. Omitir informação pode induzir o leitor à propagação do equívoco. Portanto, sejamos responsáveis.
E falando em responsabilidade, sou a favor do voto facultativo, demonstração espontânea de cidadania. Sendo obrigatório, submeti-me a ele desde os dezoito anos, mesmo que visse poucas opções de candidatos com “C”. Nestas eleições, em razão da idade, pretendo fazer jus à prerrogativa de não votar. Confesso que torço por mudanças no nosso sistema político: redução de partidos, extinção da “profissão” de vereador, deputado, senador, presidente, proibição de reeleição e outras.
minesprado@gmail.com
“Rabiscos de Minês”:minesprado.blogspot.com.br
Publicação no Extra de 13/9/14
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