sábado, 1 de março de 2014

Estepe

Estepe As mensagens via Internet comprovam que a maioria das pessoas anseia por viver bem o agora, único tempo que nos pertence. PPs de autoajuda invadem a entrada de nosso correio eletrônico, com reflexões sobre a energia positiva, a natureza e seu valor para nossa sobrevivência, a obra Divina etc., tudo ilustrado com imagens paradisíacas e fundo musical capaz de nos levar ao êxtase. Enfim, chegam-nos mensagens as mais variadas, que estão correndo o mundo, encaminhadas para inúmeros contatos, através de um processo fantástico e, diga-se de passagem, muito bem arquitetado. Se essa correspondência rápida e vultosa tornasse o mundo mais feliz, a vida estaria uma maravilha. Mas nossa constatação é bem outra: a solidão, a insatisfação, o interesse escuso são males que crescem por todo lado, como ervas daninhas imbatíveis. E é em nome da busca de algo inominado ou, talvez, da realização de desejos a qualquer preço, que muita gente faz, do seu próximo, verdadeiro “estepe”, ou seja, quebra-galho. Hoje, usar o outro, sem escrúpulos, é conduta tão comum que não nos espanta; quando muito, nos entristece, já que, frequentemente, somos nós o “estepe”. Quem tem carro, por exemplo, está sujeito a ser “estepe”, a todo instante. Quantas vezes você já foi surpreendido (a) por telefonema de alguém que não o (a) procurava há séculos? - _Fulano (a), tudo bem? E aí, que tem feito de bom? Falar nisso, você vai ao baile em Caixa Prego amanhã? Ah, será que tem um lugarzinho pra mim? Claro que você, por educação ou por coração mole, diz amém e dá carona, fazendo o possível para disfarçar o óbvio: você está servindo de “estepe”. E se justifica: Deus manda distribuir amor, não manda? Fev./14 M. Inês Prado minesprado@gmail.com Blog:”Rabiscos de Minês”: minesprado.blogspot.com

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