domingo, 6 de outubro de 2013
Fruto do elogio paterno: A Família Rolinha e o Gato
Fruto do elogio paterno: A Família Rolinha e o gato
_ Filha, você deveria publicar um livro com suas coisas.
_ Eu, pai?!
_ Claro, por que não? Eu “banco”...
Esse foi o maior elogio que recebi de meu querido pai. Nas entrelinhas, ele queria dizer que gostava dos meus rabiscos. E a maneira que escolheu para demonstrar sua aprovação foi bem sutil.
A influência da educação germânica era acentuada nele. Havia grande dificuldade para manifestação de carinho, de concordância, de solidariedade. Tudo era meio velado, porém consistente, sincero. E mais: sua simples presença, ainda que silenciosa, passava uma tremenda segurança.
Entretanto, era preciso sensibilidade para enxergá-lo além das aparências. Aqueles que conseguiam vê-lo com os olhos do coração e que valorizavam gestos discretos, mas importantes, esses conheceram o lado valioso daquele homem alto, com jeito de filósofo, como era frequente eu ouvir de nossos amigos e também daqueles que, mesmo com pouco convívio, guardaram essa impressão do meu querido.
Ele era do tempo em que o homem de verdade chamava para si a responsabilidade de dar apoio às mulheres da família que eram sozinhas. Seu costume de enviar, todo mês, um auxílio para as irmãs distantes ou de nos dar algum dinheirinho para os alfinetes era mera decorrência de sua formação. Também se preocupava, e muito, em apoiar as órfãs de pai, pois sabia o quanto a figura masculina faz falta na vida de uma garota.
Creio que ele deva ter sofrido por ser resistente à demonstração de elogios. Porque a gente padece, quando não consegue verbalizar nosso aplauso. Mas é da vida, cada um na sua, refletindo, no caminho à frente, a educação recebida. Sem dizer que a força do sangue também conta e muito...
Pois é, nos anos 90, meu pai sugeriu que eu partilhasse meus escritos. Desde então, sentia-me em dívida com ele. Até andei organizando arquivos, porém algo inexplicável me impedia outros passos. Finalmente parti para a prática, mas fiz questão de obedecer ao ciclo da vida: a infância é meu primeiro objetivo.
Assim, como presente pelo Dia da Criança, nasce o fruto do elogio paterno: “A Família Rolinha e o gato” – para ler e colorir. Trata-se de produção independente, sem burocracia, saída do forno direto para os pequenos leitores-arteiros, pois o tempo urge. Desculpe-me o atraso, pai.
M. Inês Prado
Out./13
minesprado@gmail.com
Blogger:”Rabiscos de Minês”: minesprado.blogspot.com.br
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